Um dos modelos mais modernos vendidos no Brasil, o Focus teve sua produção encerrada recentemente por conta da redução pelo interesse do consumidor na categoria dos hatches médios e na nova proposta global da Ford em manter o foco apenas em modelos mais rentáveis – como SUVs e crossovers e picapes. Se por aqui ele já não justifica suas vendas na Europa o modelo já está na quarta geração, o que faz sua saída de cena ainda mais dolorosa.
Vamos saber um pouco da história desse carro que foi lançado na região quase ao mesmo tempo que no exterior.
Foco argentino
Se o modelo europeu foi apresentado em 1998 com intuito de substituir o famoso Ford Escort, com versões esportivas como a ST e a RS, o nosso Focus viria dois anos depois com fabricação argentina e com a mesma missão – substituir o Escort. Em relação ao Escort, o Focus apresentado em 2000 era um carro de formas angulosas e bastante ousadas.
O estilo do hatch era chamado de “New Edge” e contava com itens de estilo que marcariam a primeira geração, mas não seria seguido à risca nas demais gerações. No caso estamos falando das lanternas em posição elevada e que na primeira geração eram bem angulosas. O design da dianteira também era bem agressivo com os faróis triangulares e que casavam perfeitamente com o desenho do capô.
Se na Europa o Focus vinha com opções de carroceria de 2 ou 4 portas, por aqui ficamos restritos apenas a carroceria de 4 portas, mas ganhamos a versão sedã que chegou junto com o hatch. No quesito motorização, a primeira geração do Focus utilizava os motores da linha Zetec E, com os 1.8 e 2.0 – sendo o 1.8 nas versões de entrada e intermediária e o 2.0 ficando para o topo de linha.
Além dos motores modernos, a primeira geração do Focus mostrava que tinha herdado também a boa construção europeia. A suspensão traseira utilizava o sistema de multibraço o que garantia mais estabilidade e conforto ao rodar. De quebra, o modelo trazia itens como freios ABS e airbag – de série na versão Ghia 2.0 e opcionais nas demais.
Assim como o exterior, o interior do Ford Focus era caprichado e bem construído. Também usava e abusava de linhas angulosas e nas primeiras versões vinham com acabamento mais primoroso, depois de um certo tempo a qualidade caiu um pouco por conta dos custos. Pouco tempo depois de seu lançamento – em meados de 2004 – a linha Focus ganhou algumas novidades.
Uma das mais aclamadas foi a troca dos motores e a adoção do câmbio automático de 4 velocidades. O motor 1.8 que era feito na Inglaterra foi trocado pelo 1.6 Zetec Rocam fabricado em Taubaté que rendia 103 cv e 14,6 kgfm de torque. Já para 2005 a Ford passou a utilizar um motor 2.0 que tinha 140 cv e 19 kgfm de torque, e que agora podia contar com o câmbio automático de 4 velocidades.
Enquanto a versão hatch disputava com modelos como o Chevrolet Astra, Fiat Stilo e Volkswagen Golf e se saía bem, a versão sedã sofria para enfrentar nomes de peso como Chevrolet Vectra, Honda Civic e Toyota Corolla – apenas para citar alguns. A Ford, no entanto, demorou a atualizar o Focus baseado na segunda geração na Europa que foi lançada em 2004. Somente quando ela estava prestes a receber uma reestilização a montadora atualizou o modelo em 2008.
Foco na Europa
A segunda geração o Ford Focus abandonou a ousadia em favor de um projeto que era influenciado pela Volvo, então uma marca pertencente à montadora americana. A carroceria ficava mais encorpada e ganhava linhas mais sóbrias. Na versão hatch as lanternas continuavam na vertical, só que agora a tampa do porta malas estava mais inclinada o que dava um efeito único a traseira do modelo – e muito mais personalidade.
Na dianteira, os faróis cresciam e ganhavam dupla parábola, além do design do para-choque que ganhava o famoso “bocão” que passou a ser marca registrada do Focus – e da Ford em si. A princípio o Focus vinha nas configurações GLX e Ghia apenas com o motor 2.0, mas depois de um tempo, chegou à versão GL com motor 1.6 flex – que vinha emprestado do Fiesta – tanto para a versão hatch, quanto para o sedã.
Para 2010, a linha Focus ganha tecnologia flex no motor 2.0 que agora rendia até 148 cv. No ano seguinte, a versão Ghia era substituída pela versão Titanium – atendendo assim uma nomenclatura global da marca.
Terceira e última geração sul-americana
Se não era um tremendo sucesso no mercado, o Focus mantinha um bom volume de vendas e assim a Ford voltou a colocar a América do Sul em linha com o resto do mundo. Em 2013, a marca apresentava a 3ª geração do Focus que agora voltava a ganhar um estilo agressivo, mas que na versão hatch perdia as lanternas verticais.
O modelo médio ganhava injeção direta no motor 2.0 – que foi o primeiro a combinar esse recurso em um motor flex, chegando a 178 cv – e o motor 1.6 ganhava mais potência. Ele também ganhava controle de estabilidade, além de uma nova caixa de câmbio – que foi o seu calcanhar de Aquiles por muito tempo – de dupla embreagem de 6 velocidades – além de itens como assistente de estacionamento e tela multimídia de 8 polegadas. Mas mesmo assim as vendas não impressionaram já que o mercado de hatches médios já dáva sinais de queda.
Fastback
Em 2016, a Ford deu sua última tacada ao atualizar o visual do Focus com linhas mais sóbrias. A dianteira agora ficava mais afilada e a grade dianteira ficava menor e ganhava frisos cromados na versão sedã. Por falar no sedã, a Ford alterou a nomenclatura “sedã” para “Fastback” dizendo que assim atrairia mais consumidores jovens, mesmo que o sedã tivesse um público majoritariamente mais velho.
Infelizmente essas mudanças tanto de estilo, quanto de nomenclatura não foram o suficiente para fazer com que a linha Focus ficasse mais tempo no nosso mercado. Com as vendas em baixas de hatches e sedãs médios e o descontrolado crescimento dos SUVs e crossovers, a Ford optou por deixar de produzir o Focus na planta de General Pacheco na Argentina agora em 2019.
Mas não fomos só nós que perdemos esse grande carro. Os Estados Unidos também deixaram de ser um mercado para o modelo assim como a linha Fiesta – e até mesmo o sedã Fusion – em prol de investimentos nos segmentos de utlitários.
Foco europeu
Se tanto por aqui quanto no mercado norte americano o Focus deixou de existir, o mesmo não pode ser dito na Europa. Por lá, o Focus ganhou uma 4ª geração com base em uma nova plataforma, que vai até permitir que o modelo ganhe futuramente versões 100% elétricas.
Na Europa, o Focus vai tão bem que até uma versão aventureira existe – tanto no hatch quanto na versão perua – e uma belíssima versão sedã – que não atende pelo nome de Fastback.
O máximo que teremos da 4ª geração do Focus por aqui será a versão SUV que em alguns mercados atende pelo nome de Escape ou Kuga. De acordo com algumas revistas especializadas, o SUV deve chegar até o final do ano para ficar no lugar do extinto Focus em termos de equipamentos e preço.
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