Carros inesquecíveis

Celta, o compacto mais popular da Chevrolet nos anos 2000

Chevrolet Celta (divulgação)

Junto com o Chevrolet Corsa, o Celta é um dos modelos mais populares da marca norte-americana por aqui. E, assim como o primeiro, também constituiu família e deixou seu legado ainda em vigor, com a Montana – que compartilha a mesma plataforma do Corsa de 1994. Vamos agora, relembrar um pouco da história desse modelo brasileiro.

Chevrolet Celta (divulgação)

Arara Azul

Pode não parecer, mas o desenvolvimento do Celta começou muito antes do seu lançamento oficial em setembro de 2000. Segundo alguns relatos, a Chevrolet já estava pensando em um modelo barato para ficar abaixo do Corsa, que foi apresentado em 1994. Com isso, em meados de 1996, a Chevrolet deu início ao projeto de codinome Arara Azul ou em inglês “Blue Macaw”.

Chevrolet Corsa (divulgação)

A ideia da Chevrolet era ter um modelo mais barato e simples em relação ao Corsa e que também fosse de fácil manutenção. Para isso, a Chevrolet aproveitou a mesma plataforma do Corsa de 1994, e sua gama de motores, para dar vida ao novo projeto. O design do Celta foi assinado pelo designer brasileiro Paulo Konno, que buscou inspirações no Vectra de 1996, e no Opel Tigra.

Chevrolet Celta (divulgação)

O Chevrolet Celta também foi responsável pela inauguração da fábrica em Gravataí, no Rio Grande do Sul – que hoje cuida da linha Onix e Prisma. A inauguração teve papel importante na história da marca no país, que contou até com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O lançamento do então Blue Macaw – Arara Azul – foi feito em setembro do ano 2000, e colocou o nome Celta em vigor.

Chevrolet Celta (divulgação)

VHC

De início, o Celta tinha apenas na carroceria de 2 portas e contava com um design moderno e atual. O desenho das portas era inspirado no cupê Tigra, enquanto a dianteira bebia da mesma fonte do sedã médio e queridinho do momento, o Vectra. A primeira opção de motor também foi uma herança, mas nesse caso do Corsa – o 1.0 MPFI que gerava 60 cv – e que trabalhava em conjunto com o câmbio manual de 5 velocidades.

Opel Tigra (divulgação)

O painel da primeira geração do Celta possuía um desenho simples e modesto e pecava por não ter um refinamento que era encontrado no Corsa por exemplo. Além disso, ele contava com algumas peculiaridades, como o fato de a buzina estar em uma alavanca, e não no centro do volante, e da direção ser um pouco torta, por conta de usar a plataforma do Corsa, mas com algumas modificações.

Chevrolet Celta (divulgação)

Em 2001, o Celta já tinha vendido mais de 100 mil unidades, provando que unir um desenho atraente a um bom custo benefício estava de fato dando frutos. Já em 2002 é lançada a tão aguardada versão com 4 portas, que deixava o acesso aos bancos traseiros mais fácil. Também em 2002, o Celta recebia um motor 1.4 que entregava 85 cv.

Chevrolet Celta Off-Road (divulgação)

Já para 2003, a maior mudança na linha foi a adoção do motor VHC – Very High Compression – do Corsa. Com essa mudança, o motor agora rendia 70 cv – 10 a mais do que o modelo anterior. Para o ano de 2005, o Celta recebia um kit de acessórios, que o deixavam com um aspecto off-road – que tinha esse mesmo nome – e que podia ser instalado em qualquer versão do modelo – seja ele 2 ou 4 portas. Ainda em 2005, o motor 1.0 VHC recebe a tecnologia FlexPower – que agora rendia 77 cv com etanol e 70 na gasolina.

Mamãe eu quero ser um Vectra

A primeira atualização de estilo do Celta aconteceu em 2006, e o seu design teve fortes influências do sedã médio Vectra que estreava sua 3ª geração. Saíam de cena os faróis esguios e compridos – também inspirados no Vectra, mas de 1996 – e entravam no lugar faróis maiores, de parábola simples, e a grade e o para choque ganhavam um desenho mais moderno.

Chevrolet Celta (divulgação)

O logo da Chevrolet que continha a gravatinha envolta num círculo, agora ganhava mais destaque – e o preenchimento dourado. As lanternas traseiras mantinham o formato, mas com um novo desenho interno. A tampa do porta malas recebia a porta placa, que nos anos 2000 ficava no para choque.

Chevrolet Celta (divulgação)

O painel também recebia um desenho novo, com direito a um novo quadro de instrumentos, um pouco mais completo – se comparado ao do modelo apresentado em setembro de 2000. A buzina enfim saia da alavanca e ia para o volante. E pela primeira vez, o Celta recebia um irmão, que ainda faz sucesso atualmente – pelo menos o nome.

Chevrolet Celta (divulgação)

Sob outro Prisma

No mesmo ano da atualização de estilo do Celta, a Chevrolet apresentou o Prisma, o sedã derivado do hatch compacto. Assim como no Celta, o Prisma bebia na mesma fonte de estilo do Vectra, o que lhe rendeu o apelido de mini-Vectra. Um dos grandes atributos do Prisma de primeira geração foi seu espaço porta malas que levava 439 litros.

Chevrolet Prisma (divulgação)

Além disso, ele também usava o motor 1.4 com tecnologia flex que entregava 89 cv com gasolina e 97 cv com etanol. Com uma tentativa de “matar” o Chevrolet Classic – antigo Corsa Sedan de primeira geração – a Chevrolet também apostou no motor 1.0 VHC para o sedã. O que acabou não acontecendo, e deixando o sedã mais antigo, ainda em voga por um bom tempo.

Chevrolet Prisma Y Concept (divulgação)

Para diferenciar um pouco o Prisma do Celta, a Chevrolet adotou as nomenclaturas de versões da linha Corsa – como as versões Joy e Maxx – com o intuito de dar mais prestígio ao sedã. No final de 2006, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, a Chevrolet mostrou um conceito chamado de Prisma Y – que tinha um visual mais aventureiro, e muito próximo ao do Ford EcoSport. Mas para a nossa tristeza, o conceito que tinha tudo para ser o EcoSport da GM, só ficou no conceito mesmo.

O meio para o fim

Pouco tempo antes de sair de linha, o Celta recebeu uma última atualização de estilo em 2012. Agora a grade dianteira perdia alguns vincos, e a gravatinha da Chevrolet abandonava o tradicional círculo cromado, adotando sua forma com preenchimento dourado. Os faróis mantinham o desenho, mas agora contavam com uma máscara negra, assim como as lanternas.

Chevrolet Celta (divulgação)

O interior ganhava um novo volante, o revestimento dos bancos recebia novos tecidos e o quadro de instrumentos estreava a cor “Ice Blue”. O sedã – Prisma – também recebia as mesmas alterações, e a tampa do porta malas recebia um filete cromado que ligava as lanternas, na tentativa de dar mais requinte ao sedã.

Chevrolet Prisma (divulgação)

Além disso, a Chevrolet trocava a nomenclatura das versões, adotando o mesmo esquema do sedã médio Cruze – com versões LS e LT. Já em 2014, tanto o hatch quanto o sedã passavam a contar com airbag duplo e freios ABS – que se tornaram obrigatórios no início do ano. O Celta deixou de ser fabricado em abril de 2015, depois de mais de 1,5 milhão de unidades vendidas.

Dulce de leche

Além da versão sedã, off road e “picape”, o Chevrolet Celta também teve uma versão “japonesa”. Estamos falando no caso do Suzuki Fun – que nada mais era do que um Celta com logos da montadora japonesa que era vendido no mercado argentino.

Suzuki Fun (divulgação)

Fora a troca de logos, o Suzuki Fun era idêntico ao nosso Celta. Os “hermanos” também tiveram acesso a primeira geração, assim como os facelifts subsequentes. O modelo sobreviveu na terra dos alfajores e do dulce de leche até meados de 2011, quando foi depois substituído pelo Onix em 2012.

Celta: O legado

Provando que em time que ganha não se mexe, o Celta ganhou alguns “agregados” ao longo de sua vida. Pouco tempo antes de sair do mercado – em abril de 2015 – a Chevrolet aproveitou a base do Corsa de 1994 que já servia ao Celta e o Classic, e apresentou o Agile em 2009 – uma espécie de Fox da GM.

Chevrolet Agile (divulgação)

Em meio a tantas polêmicas – devido ao seu visual e o uso de uma plataforma datada – o Agile tem seus momentos de glória e conseguiu ajudar a Chevrolet do Brasil a superar a crise que afetou a matriz em 2008. Da mesma linha do Agile, a GM ainda criou a segunda geração da Montana, que antigamente atendia pelo nome de Corsa Pick-Up.

Chevrolet Montana (divulgação)

Até hoje, o único remanescente da plataforma do Corsa e Celta, é a Montana, que trocou a base do Corsa C, e adotou novamente a base do Corsa B de 1994. Já o sedã Prisma, abandonou a plataforma de 1994 quando trocou de geração em 2013 e passou a adotar a plataforma modular do Onix e companhia – a Gamma II ou GSV – que veio do Opel Corsa D.

Chevrolet Onix

Atualmente, o modelo mais em conta da linha Chevrolet é o Onix e o Prisma na versão Joy que devem se manter em linha mesmo com a chegada da segunda geração da dupla que devem estrear ainda em 2019. Um Onix Joy 0 km pode ser encontrado por cerca de R$ 40.134,00 – contrariando um pouco a ideia do Celta de ser o carro mais barato da Chevrolet no país – que chegou por aqui por cerca de R$ 14.170 em setembro de 2000.

Chevrolet Prisma (divulgação)