Imagine a situação: você está dirigindo a uma velocidade considerável num piso irregular ou molhado, por exemplo, e de repente precisar frear com força seu carro. Logo que você empurra o pedal do freio sente um tremor como se ele estivesse com defeito. Para muita gente esse foi o primeiro contato com o ABS, sistema de freios antiblocante que hoje são obrigatórios nos carros brasileiros novos desde 2014.
O sistema, criado pela Bosch (daí o nome em alemão: Antiblockier-Bremssystem), estreou em carros de produção em série em 1978. O modelo escolhido foi o Classe S, da Mercedes-Benz, seu mais sofisticado e caro automóvel. No Brasil o sistema só chegou na década de 90 e demorou a se espalhar pelos veículos por conta do preço, mas é uma das mais importantes inovações da indústria automobilística.
Curioso que seu conceito é muito antigo. Desde o começo do século 20 a ideia de evitar que os freios travassem em situações de uso intenso circula não só pelo setor de automóveis como pelo ferroviário e de transporte aéreo. Em geral o que se tentou foi modular a pressão nos freios de forma a mantê-los atuando mas sem o risco de que perdessem eficiência. Na aviação, por exemplo, um sistema foi implantado em vários aviões na década de 50 e que era capaz de reduzir o espaço de frenagem em cerca de 30%. O supersônico Concorde, inclusive, estreou uma versão eletrônica do sistema anos depois.
Já na indústria automobilística, o freio antiblocante começou a ser usado de forma restrita entre o final da década de 60 e o começo da década de 70. Foi apenas há 40 anos que uma versão totalmente eletrônica de múltiplos canais e que atuava nas quatro rodas passou a ser um opcional no sedã alemão. Mas afinal como ele funciona?
Basicamente, um sistema ABS consiste de um ECU (central eletrônica) que controla quatro sensores, um em cada roda. Ela monitora a velocidade das rodas em tempo real e se notar que uma delas gira numa velocidade menor que a do veículo (sinal de que está travada) alivia a pressão naquele freio. Um procedimento semelhante é realizado caso a roda esteja girando mais rápido que o automóvel – nesse caso é ampliada a pressão do freio. É por essa razão que sentimos o pedal trepidar como se estivesse desgastado: trata-se do ABS atuando de forma muito rápida entre soltar e segurar os freios.
Hoje o ABS é mais um dos sistemas que compõem um pacote tecnológico que cresceu em importância e que inclui o ESP (sensor de estabilidade), controle de tração, assistente de partida em rampa e sensor de pressão dos pneus, entre outros. É impossível calcular quantas vidas o ABS salvou desde então, mas certamente é um número gigantesco e que aumenta a cada dia.
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