Um dos modelos mais importantes na história da Ford no Brasil teve seu fim decretado recentemente por conta de baixas vendas e falta de investimentos. Estamos falando do Fiesta, que já teve seus dias de chorão, gatinho e até de imigrante mexicano. Mas brincadeiras à parte, o Fiesta foi um marco importante para a Ford por trazer itens de série até então pouco usuais para modelos compactos e ajudar a inaugurar um dos segmentos mais fortes hoje no mundo: o dos SUVs compactos com a lançamento do EcoSport, derivado de sua plataforma.
O Ford Fiesta chegou por aqui em fevereiro de 1995, quando ele era importado da Espanha e na Europa estava na sua 3ª geração. Na época, a Ford trouxe a versão com duas e quatro portas e o motor Endura 1.3 com mancos 60 cavalos. Cerca de 1 ano e 3 meses depois, a Ford inaugurava a produção nacional do Fiesta na sua planta fabril em São Bernardo do Campo (SP), e o Fiesta ganhava também nova geração.
Por conta dos seus faróis mais amendoados e de desenho mais simples, ele foi apelidado de chorão, graças ao visual meio cabisbaixo. Mas em contrapartida, o Fiesta de 4ª geração ganhava uma inédita versão com motor 1.0 de 51,5 cavalos e a versão topo de linha a CLX vinha com o moderno motor Zetec 1.4 16 válvulas que rendia bons 88 cavalos. Já para 1998, o Fiesta passou a receber como item opcional, airbag duplo, o que era um item pouco comum para um modelo de fabricação nacional.
No mesmo ano, a Ford apresentava a Courier, a primeira e única picape compacta da marca, derivada do Fiesta. Ela batia de frente com modelos como a Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Corsa picape. A maior vantagem da Courier perante suas rivais, era sem dúvida o amplo espaço interno na caçamba que tinha 1,82 metros de comprimento. Já nos anos 2000, o Fiesta ganhou uma reestilização, que tirava aquele ar de tristeza e dava lugar a um “olhar” mais esperto como o de um gato.
Com esse novo visual, o Fiesta ganhou também novos motores e até mesmo uma versão “esportivada” – chamada de Sport – que combinava com o visual e os novos motores implementados pela marca.
Fiesta baiano
Mas o compacto emplacou para valer apenas no novo século. Em 2002, a Ford apresentava o novo Fiesta com uma inédita plataforma e uma nova linguagem de estilo que perduraria por anos. Ele também foi o responsável por inaugurar a nova fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia. E também por dar vida a primeira geração do primeiro SUV compacto da Ford, o EcoSport.
Essa geração ainda seria a primeira a mostrar ao mundo a tecnologia de motores flex ao país e ao mundo, e também ainda passaria por duas reestilizações, sendo uma delas bem-sucedida e a última nem tanto. Quando esta geração já mostrava sinais de cansaço, a Ford recorreu ao México para trazer a nova geração do Fiesta, que trazia um novo design mais europeu e novas tecnologias.
Dessa geração, o Fiesta ainda ganhou itens como luzes diurnas de led, airbag de joelho, controle de estabilidade com assistente de partida em rampa e alerta de veículo no ponto cego. Além de dar vida a segunda geração do EcoSport. O New Fiesta também foi nacionalizado, mas apenas em 2013 já como linha 2014, quando ganhou um leve facelift na dianteira.
Após alguns anos, a Ford começou a ver as vendas do seu compacto caírem mês a mês, e começou a mexer novamente na linha. Trouxe novidades como um motor turbo de 3 cilindros de 125 cavalos, mas que não foi o suficiente para apagar a má fama que o câmbio powershift deu ao Fiesta e ao Focus. Como trazer a nova geração do Fiesta – 7ª geração – seria muito caro, a solução foi fazer mais uma atualização de estilo à brasileira, mas o resultado amargou em vendas.
Com isso, o Fiesta acabou perdendo espaço para o irmão menor, o Ka que utiliza a mesma plataforma do New Fiesta que foi apresentado em 2013 e que desde o ano passado conta com câmbio automático de 6 velocidades. Por fim, o compacto mais conhecido da Ford teve seu triste fim decretado no início deste ano, junto com o fechamento da fábrica de São Bernardo e da linha de caminhões da Ford. O nome se vai, mas certamente o Fiesta continuará rodando por muitos anos no Brasil.
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