Um dos frutos da Autolatina que deu certo, o Volkswagen Logus conseguiu unir o que havia de melhor na Ford e na Volkswagen. Apesar de ter ficado no mercado por pouco tempo, o sedã conseguiu conquistar seu lugar ao sol, e inclusive ganhar uma versão com motor do Golf. Vamos agora, falar um pouco deste sedã de dupla personalidade.
Missão Apollo
Antes de falarmos da história do Logus, vamos dar uma breve pincelada pela Autolatina. O acordo entre Ford e Volkswagen foi assinado em 1986, mas só daria seus primeiros frutos quatro anos depois. O primeiro rebento desse acordo foi o Volkswagen Apollo – um dos carros menos populares da Volkswagen.
O sedã nada mais era do que que uma versão alemã do Ford Verona, que foi apresentado em 1990 e ficou no mercado até 1992. Como era de praxe nos anos 90, o Volkswagen Verona, digo Apollo, tinha carroceria sedã, mas com apenas duas portas – e o Ford Verona em si, tinha uma versão de 4 portas.
Em termos estéticos, o Apollo era apenas um Verona com a grade dianteira ostentando o logo da Volkswagen, e ele era visto na traseira, com a troca dos logotipos. Já as lanternas traseiras vinham com máscara negra – para tentar dar mais personalidade ao sedã.
Os retrovisores vinham na cor da carroceria e o interior contava com um volante novo, além de um painel de instrumentos redesenhado e bancos com espuma mais rígida. Por conta da enorme semelhança com o Ford Verona, o Apollo não conseguiu vender tão bem quanto a Volkswagen esperava. Mas a segunda tentativa seria melhor.
Sotaque alemão, design italiano
Já a segunda tentativa de fazer um projeto que conquistasse os clientes, a Ford e a Volkswagen recorreram ao estúdio Ghia, que trabalhou com a filial brasileira da Volks para criar um desenho exclusivo para seu novo modelo. O novo sedã usaria a base do Ford Escort, mas contaria com design e motores tipicamente alemães.
Com o visual definido, a Volkswagen orgulhosamente apresentava em março de 1993 o Logus. O sedã contava com design moderno e elegante, e em nada lembrava algum modelo da Ford. Como era moda, o sedã vinha apenas com 2 portas, deixando as 4 portas para o hatch Pointer e o sedã Verona.
De início o sedã tinha 3 versões – CL, GL e GLS – onde as duas primeiras utilizavam o motor de origem Ford – o AE 1.6 – que rendia 73 cv e 13 kgfm de torque, enquanto que a versão topo de linha vinha com o 1.8 – de origem Volkswagen – de 86 cv e 14,5 kgfm de torque. O câmbio era sempre o manual de 5 velocidades.
Apesar de ser um sedã “compacto” suas dimensões eran bem generosas. Ele tinha 4,27 metros de comprimento, 1,7 m de largura e 1,37 m de altura, com distância entre eixos de 2,52 m. O porta malas, por sua vez, tinha capacidade para excelentes 508 litros – muito maior do que muito SUV atual. O acabamento interno também era bastante elogiado, por ter bons materiais e pelo desenho moderno.
Além disso, o sedã contava com um dos coeficientes aerodinâmicos mais baixos da sua época – 0,32 – o que ajudava na versão com motor 2.0. Mas como nem tudo são flores, o Logus acabou por herdar alguns problemas crônicos do irmão de plataforma o Escort, como na suspensão, que rendia muitas visitas as revendas da Volkswagen.
Mas em contrapartida, o Logus presenteava os passageiros com muitos itens de série, como chave única que acionava o alarme na fechadura, fechamento automático de vidros com um toque e sistema anti-esmagamento, toca-fitas digital com equalizador e memória, além de ar-condicionado – opcional nas versões de entrada.
Já em 1994, o Logus ganhava um fôlego extra, com a chegada do motor 2.0 AP na versão topo de linha GLS. Esse motor rendia 115 cv e tinha 17,4 kgfm de torque, o que garantiu uma sobrevida ao sedã. Para 1995 a Volkswagen apresentou uma série especial chamada Wolfsburg Edition, que homenageava a cidade sede da Volkswagen.
Com essa versão, o sedã ganhava os mesmos faróis do irmão Pointer, novas rodas de liga leve de 14 polegadas, além de um acabamento mais caprichado no interior. O motor recebia algumas melhorias que agora passava a render 120 cv com gasolina, e atingir a velocidade máxima de 192 km/h – um dos carros mais rápidos da época, segundo o teste da revista Quatro Rodas.
O Pointer final
Além do sedã derivado do Ford Escort, a Volkswagen criou da costela do Logus um hatch chamado Pointer. Basicamente, o Pointer era um Logus de 4 portas, com traseira curta. Ele herdava os mesmos acertos e erros crônicos da plataforma do Escort.
Mas, diferentemente do irmão, o Pointer vinha apenas com o motor 1.8 AP ou o 2.0, tendo inclusive uma versão GTI. O hatch foi apresentado em 1994 já com injeção eletrônica e com prazo de validade já pré-estabelecido. A linha 1996 veio com algumas melhorias no acabamento, bem como a série especial Wolfsburg Edition, que praticamente era sua série de despedida.
Já no caso do sedã, ele durou até meados de 1996, quando a Autolatina já não apresentava mais sinais de vida. Depois de mais de 125 mil unidades vendidas, podemos dizer que o Logus conseguiu unir o conforto típico dos Ford, com a valentia dos motores da Volkswagen, em um carro com design italiano e ampla aceitação nacional.
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